Armando Freitas Filho
quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
Armando Freitas Filho
terça-feira, 8 de novembro de 2011
Essa é a história da borboleta que se apaixonou por um soco
E então tive a certeza da vida vã. E sorvi de um gole só meia lata de cerveja. E queimei os lábios ressequidos com um chá de hortelã. E entoei um samba. E bocejei com as mãos trêmulas. E beijei uma mocinha que já me conhecia. E minha velha postou a mão sobre meu ombro. E fiquei melancólico com o futuro. E sorri lembrando o passado...Ter a sensação de que tudo que acaba de dizer, já foi dito. Já foi falado, calado, esquecido
MICHEL MELAMED
Efêmero
terça-feira, 25 de outubro de 2011
Quintando o dia
O ruim dos filmes de Far West é que os tiroteios acordam a gente no melhor do sono.
Se alguém te perguntar o quiseste dizer com um poema, pergunta-lhe o que Deus quis dizer com este mundo...
Só a poesia possui as coisas vivas. O resto é necropsia.
A maior dor do vento é não ser colorido.
O mais feroz dos animais domésticos é o relógio de parede: conheço um que já devorou três gerações da minha família.
De um autor inglês do saudoso século XIX: O verdadeiro gentleman compra sempre três exemplares de cada livro: um para ler, outro para guardar na estante e o último para dar de presente.
Esses padres conhecem mais pecados do que a gente...
-Abandonou-te?
- Pior ainda! Esqueceu-me.
'Diabético' é quem não consegue ser doce.
Mário Quintana
segunda-feira, 19 de setembro de 2011
chuva
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
Fim
domingo, 4 de setembro de 2011
Ipê
Escolhas
quinta-feira, 28 de julho de 2011
Merda e Ouro
Merda é veneno.
No entanto, não há nada
que seja mais bonito
que uma bela cagada.
Cagam ricos, cagam pobres,
cagam reis e cagam fadas.
Não há merda que se compare
à bosta da pessoa amada.
sábado, 28 de maio de 2011
A MULHER E SEU PASSADO
Rubem Braga em A Traição das Elegantes
Ela conta a história de uma freira que a atormentava no internato em seu tempo de menina; de um homem que a fez viver longamente entre o desespero e o tédio, a revolta e a humilhação. E fica meio magoada porque a tudo eu sorrio, porque eu não pareço participar do sentimento com que ela fala contra essa gente que passou. Afinal ela também sorri: “Você é meu amigo ou amigo da onça?”
Sou seu amigo. Mas rico ri à toa, e eu me sinto vertiginosamente rico porque essas histórias, alegres ou tristes, ela me conta de mãos dadas, junto de mim. Digo-lhe isso; mas não lhe confesso que aprovo e abençôo todas as coisas e pessoas que povoaram seu passado e tenho vontade de dizer:
“Benditos teu pai e tua mãe; benditos os que te amaram e os que te maltrataram; bendito o artista que adorou e te possuiu, e o pintor que te pintou nua, e o bêbedo de rua que te assustou, e o mendigo que disse uma palavra obscena; bendita a amiga que te salvou e bendita a amiga que te traiu; e o amigo de teu pai que te fitava com concupiscência quando ainda eras menina; e a corrente do mar que te ia arrastando; e o cão que uivava a noite inteira e não te deixou dormir; e o pássaro que amanheceu cantando em tua janela; e a insensata atriz inglesa que de repente te beijou na boca; e o desconhecido que passou em um trem e te acenou adeus; e teu medo e teu remorso a primeira vez que traíste alguém; e a volúpia com que o fizeste; e a firme determinação, e o cinismo tranqüilo, e o tédio; e a mulher anônima que te vociferou insultos pelo telefone; e a conquista de ti por ti mesma, para ti mesma; e os intrigantes do bairro que tentaram te envolver em suas teias escuras; e a porta que se abriu de repente sobre o mar; e a velhinha de preto que ao te ver passar disse: “moça linda…”; bendita a chuva que tombou de súbito em teu caminho, e bendito o raio que fez saltar teu cavalo, e o mormaço que te fez inquieta e aborrecida, e a lua que te surpreendeu nos braços de um homem escuro entre as grandes árvores azuis. Bendito seja todo o teu passado, porque ele te fez como tu és e te trouxe até mim. Bendita sejas tu.”